Desde o início de 2013 o grupo tem trabalhado na área de pesquisa científica, a fim de produzir e publicar trabalhos que relatem parte experiência que já pudemos obter no programa. Os trabalhos estão sendo finalizados e, pouco a pouco, encaminhados ao professor/orientador Fernando Silva. Um exemplo é o artigo científico do acadêmico e bolsista Rafael Silva, que trata-se de considerações sobre a contribuição da participação no Pibid para a construção do saber docente.
Algumas
considerações sobre a contribuição da participação no PIBID
para a construção do saber docente.
Rafael Felix da Silva¹
Fernando
de Oliveira Silva²
RESUMO
Este artigo
abordará algumas contribuições para a formação dos licenciandos em Matemática
participantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência -
PIBID desenvolvida na Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP, Campus
Jacarezinho – PR. Esta pesquisa consistiu em elencar algumas considerações
acerca do alinhamento da proposta do PIBID com a teoria da formação do saber
docente apregoada por Maurice Tardif. Justificando desta forma, a importância
deste programa na formação acadêmica e profissional do licenciando. A pesquisa
foi realizada de forma bibliográfica sendo utilizados como fontes, livros,
artigos, sites da internet, entre outros, mas também, foi acrescida da
perspectiva pessoal dos alunos participantes do projeto. O PIBID MATEMÁTICA
UENP do Campus de Jacarezinho fomentou desde seu inicio diversas atividades entre
os integrantes do programa. Tais atividades serão descritas neste artigo, bem
como sua forma de realização. O artigo ainda faz menção a um dos colégios em
que o programa vem sendo desenvolvido, bem como o apoio e a expectativa do
mesmo em relação ao programa.
Palavras
Chave: PIBID, UENP, Matemática, Saberes docentes.
¹ACADÊMICO
do Segundo Ano do Curso de Licenciatura em Matemática da UENP – Campus
Jacarezinho – PR.
²PROFESSOR de Matemática da UENP - Campus Jacarezinho – PR.
O SABER DOCENTE
O saber docente é um dos assuntos mais discutidos no
campo da pesquisa sobre educação nos últimos anos. Tardif (2012) defende que este debate está ligado à
profissionalização do ensino e com os esforços feitos no sentido de definir a
natureza dos conhecimentos profissionais que servem de base ao magistério.
Tardif (2012) classifica os saberes docentes
em: profissionais, disciplinares, curriculares e experienciais e propõe o saber
como algo individual acumulado pelos professores durante sua formação
estudantil e profissional.
Para
Tardif (2012), não só a formação acadêmica tradicionalmente ofertada dentro das
salas de aula formaria o conhecimento utilizado pelo professor no decorrer de
suas funções, mas também, toda a experiência prática adquirida ao longo de sua
formação.
“Nesse sentido, a prática
pode ser vista como um processo de aprendizagem através do qual os professores
retraduzem sua formação e a adaptam à profissão, eliminando o que lhes parece
inutilmente abstrato ou sem relação com a realidade vivida e conservando o que
pode servir-lhes de uma maneira ou de outra”. (TARDIF, 2012, p. 53).
Conforme
Tardif (2012) salienta, o saber prático é indispensável para a atividade
docente. Ele observa que em muitos casos as teorias ensinadas aos futuros
professores são dominadas por conteúdos lógicos e disciplinares e não
profissionais.
Para
Tardif (2012) o professor ideal seria alguém que além de dominar a sua
disciplina, conhecesse elementos pedagógicos necessários à prática educativa,
mas que também desenvolvesse um saber prático baseado em sua experiência com os
alunos.
Tardif
(2012) continua sua linha de pensamento afirmando que um dos maiores desafios à
formação dos professores seria a abertura de um espaço maior para os
conhecimentos práticos dentro do próprio currículo acadêmico.
Alinhado
a este pensamento o PIBID vem
acrescentar ao futuro docente uma carga significativa de experiências que o
ajudarão a moldar o seu perfil profissional. Bem como, fornecer ao licenciando
um panorama realista dos desafios a serem enfrentados no desenvolvimento de
suas funções.
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO
A DOCÊNCIA.
O
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID é um programa federal,
idealizado no ano de 2007, pelo Ministério da Educação - MEC, a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, e o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação – FNDE.
O
PIBID tem como um de seus objetivos a função de estreitar ligação entre o ensino
superior e a educação básica, através da valorização do trabalho dos docentes e
do cotidiano escolar.
O
programa também visa incentivar a formação de docentes, contribuir para a
valorização do magistério e elevar a qualidade da formação inicial de professores
nos cursos de licenciatura.
Busca
ainda inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de
educação, e colaborar para a articulação entre teoria e prática necessárias à
formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de
licenciatura. (CAPES, 2012)
“Os
projetos devem promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas
públicas desde o início da sua formação acadêmica, para que desenvolvam
atividades didático-pedagógicas sob a orientação de um docente da licenciatura
e de um professor da escola”. (CAPES 2012, on
line).
O
subprojeto de Matemática do Campus de Jacarezinho da UENP tem como um dos campos
de trabalho o Colégio Estadual Luiz Setti, nele os participantes do projeto ganham
a oportunidade de vivenciar a rotina de uma sala de aula. Não apenas como
observadores, mas como atores educacionais que interagem com a sala fazendo
desta interação um diferencial para os alunos da turma, o professor titular, e
os acadêmicos envolvidos no programa.
O PIBID MATEMÁTICA NO CAMPUS DE JACAREZINHO.
O
PIBID Matemática da UENP, Campus de Jacarezinho, é formado por uma equipe de
doze alunos do curso de licenciatura em Matemática, coordenados pelo professor
Fernando Oliveira da Silva. Possui dois campos de atuação: Colégio Estadual
Luis Setti e Colégio Estadual Imaculada Conceição, cada um com um professor
supervisor.
O
programa iniciou suas atividades em junho de 2012 com o processo avaliativo e
classificatório dos integrantes do projeto.
Uma vez escolhida à equipe o professor
Fernando realizou um ciclo de reuniões com o intuito de debater propostas e
metas para o programa, elucidar dúvidas dos participantes, refletir e discutir
á prática a ser abordada.
Após
as reuniões mencionadas acima, ocorridas no CCHE de Jacarezinho, a equipe
participou da abertura oficial do PIBID-UENP no Campus de Cornélio Procópio,
onde estiveram presentes alunos e professores integrantes de todos os cursos da
UENP com projetos semelhantes.
Na
sequência os doze integrantes do programa foram divididos em quatro equipes,
cada uma composta por três alunos. Cada colégio participante recebeu duas
equipes, e os professores supervisores realizaram então a inserção de cada
grupo na sua respectiva escola.
Cada
equipe após conhecer a realidade de seu campo de atuação desenvolveu e aplicou
um projeto. Concomitantemente ao trabalho desenvolvido nos colégios, a equipe
completa continuou a se reunir a fim de socializar e debater as experiências
vividas em cada grupo.
Os
acadêmicos ainda criaram o blog: www.pibidmatuenp.blogspot.com.br, a fim de publicizar
as atividades realizadas.
COLÉGIO ESTADUAL LUIZ SETTI
O Colégio Estadual Luiz
Setti - Ensino Fundamental Médio e Profissional – EFPM, situado à Rua Almirante
Barroso n° 499, Vila Setti em Jacarezinho, Paraná, atende cerca de 840 alunos, nos
períodos matutino, vespertino e noturno.
O Colégio oferta ensino
fundamental séries finais, ensino médio. Cursos profissionalizantes como:
Técnico em Informática e Técnico em Redes de Computadores e CELEN: Espanhol.
Para isto o colégio dispõe
de treze salas de aula, sala de leitura, biblioteca, sala de apoio, três laboratórios
de Informática, laboratório de biologia e matemática.
O Colégio ainda dispõe de
quadra poliesportiva coberta, jogos pedagógicos, materiais esportivos diversos
e três projetores eletrônicos.
A
equipe do colégio é composta por seis pedagogas. Sessenta e Seis professores. E
mais quinze funcionários em diversas funções.
Localizado na Vila Setti,
o colégio atende principalmente os alunos do seu entorno. O bairro é composto
por uma população de classe “C”, tendo um fluxo relativamente grande de
empresas comerciais.
O projeto pedagógico é
confeccionado por toda equipe, em reuniões frequentes, que englobam todos os
assuntos relevantes para o colégio.
Os funcionários abordados
na pesquisa acreditam que o colégio realiza um bom trabalho. O clima
institucional é positivo e as expectativas com relação às atividades a serem
promovidas pelo programa são favoráveis.
ATIVIDADES NO COLÉGIO
A equipe formada pelos alunos Rafael
Felix da Silva, Cláudio de Souza Júnior e Andressa Vilella da Cunha, foi encaminhada
para o Colégio Estadual Luiz Setti, caracterizado acima, e supervisionada pelo
professor Sidnei Dias Cruz.
Estes
alunos participaram de conversas com a equipe pedagógica, no intuito de se situar
sobre a situação vivenciada pelo colégio como: a participação e interesse dos
alunos em sala de aula, condição socioeconômica dos mesmos e do bairro ao
entorno do colégio entre outros.
Foi
realizada uma visita a todas as dependências do colégio, com o intuito de
demonstrar a estrutura física existente e disponível aos alunos.
Os
acadêmicos foram então inseridos em uma sala de apoio a alunos do sexto ano do
ensino fundamental, que em sua maioria apresentava dificuldades em conteúdos
elementares da matemática oriundos de séries anteriores.
Aos
integrantes do projeto foi dada a incumbência de acompanhar esta turma,
observando comportamento, dificuldades, pontos positivos e negativos que
pudessem ser explorados para a efetivação de uma atividade posterior.
Ao
final do período de observação e levantamento de dados, a equipe conjuntamente
com o professor titular da sala, optou por organizar uma série de atividades
referentes à matéria que já estava sendo aplicada, mas com conceitos mais
básicos a fim de fortalecer o entendimento dos alunos.
A
equipe então se reuniu para criar um plano de aula, debater a melhor forma de
apresentar os conteúdos, pesquisar atividades complementares e de apoio. Após este
período de reflexão e montagem de material, a proposta foi apresentada ao
professor Coordenador, que a aprovou e então a atividade foi aplicada.
Os
resultados destas atividades não estão descritas, pois não representam o foco
desta pesquisa.
O PIBID E A FORMAÇÃO DO
SABER.
Como
anteriormente mencionado as questões envolvendo os saberes docentes: o que são,
como se formam e de que maneira são utilizados, tem sido intensamente
debatidos.
Segundo
Tardif (2012) o saber dos professores é algo plural, compósito e heterogêneo, porque
provem de fontes e naturezas diferentes, contudo se estruturam mediante as
necessidades impostas pelo trabalho.
Estando
o saber a serviço do trabalho, é natural que o conhecimento produzido para
realização deste, esteja em sintonia com o mesmo. Ora, para Tardif (2012) esta
não é a realidade encontrada em muitas instituições de formação de docentes,
que para ele são “dominadas por conhecimentos disciplinares, produzidos dentro
de uma redoma de vidro, sem nenhuma conexão com a ação profissional”.
Neste contexto o PIBID proporciona ao
licenciando uma nova fonte de conhecimentos, que somados aos oferecidos nas
cadeiras universitárias complementam e enriquecem a identidade do futuro profissional.
Entre as contribuições para a formação do
saber docente obtidas através da participação no PIBID é possível elencar:
1 - Desenvolvimento de um saber experiencial,
nascido da reflexão a respeito das práticas adotadas pelo acadêmico durante a
participação no programa, onde o licenciando pode mediante a devida orientação
descobrir os caminhos que lhe são mais adequados.
Sendo supervisionado o acadêmico pode ousar
sem medo de errar, tendo em vista que o processo pelo qual está passando, tem
como objetivo justamente fazer com que o licenciando resignifique a importância
das práticas pedagógicas aprendidas na universidade.
2 - Outro fator que se constrói junto a este
saber experiencial é a familiaridade com o futuro ambiente de trabalho. Apesar
de o licenciando ter passado boa parte de sua vida em uma sala de aula, o
programa oportuniza ao acadêmico a chance de mudar o foco de sua visão, saindo
da condição de aluno para a de professor.
Está pratica é importante, devido ao fato de
que por diversas vezes, a teoria ensinada nos bancos universitários, não é
suficiente para preparar o acadêmico para enfrentar a realidade normalmente
heterogênea das salas de aula. Por este raciocínio temos que:
“A representação da tarefa
educativa construída durante a formação inicial, frequentemente choca-se com a
realidade complexa da prática, a vida cotidiana da escola e da sala de aula, na
qual o professor tem que tomar decisões constantemente. Muitas vezes, eles não
têm parâmetros de atuação aos quais se reportarem, principalmente se não
tiveram uma formação que favoreça a reflexão sobre a sua atuação diária. Com
base nisso as atividades propostas tem por objetivo criar uma fonte de
informação secundária e formadores de opinião, no qual o acadêmico bolsista
envolvido tenha onde se remeter frente a situações imprevistas em sala de aula”.
(Loureiro e Oliveira, on line).
3
– O programa também contribui para que o acadêmico desenvolva habilidades de
“saber ensinar”. Tardif (2012, p.20) defende que “o saber dos professores é
algo temporal. Isso significa dizer, que ensinar supõe aprender a ensinar, ou
seja, aprender a dominar progressivamente os saberes necessários à realização
do trabalho docente”.
Ora, apesar de as universidades, formarem
professores com uma boa bagagem técnica, é importante que o profissional do
magistério tenha a oportunidade de aprender a ser e se relacionar em seu futuro
ambiente de trabalho.
“Com o objetivo de refletir
sobre o enredo de relações sociais que constituem a escola sobre a dinâmica
social e as relações de poder que perpassam as instituições de educação e a
vida coletiva, é fundamental que o professor consiga dominar questões de maior
âmbito da realidade escolar, referente ao seu próprio papel, o papel do aluno e
as formas de interação. Entre elas: o significado sociopolítico do currículo,
da escola e da educação escolar, sua organização, seus sujeitos e suas práticas”.
(Loureiro e Oliveira, on line).
4
- Outra vantagem encontrada pelos licenciandos é a aproximação com os
professores de profissão que atuam nas escolas públicas, este contato é
importante para que os alunos tenham um panorama mais realista da profissão
escolhida, bem como poder receber dicas e conselhos de profissionais que já
passaram pela mesma situação.
“Esses
fenômenos, e muitos outros semelhantes, mostram que a formação para o
magistério está se transformando lentamente, mas na direção certa, dando um
espaço cada vez maior aos professores de profissão, os quais se tornam
parceiros dos professores universitários na formação de seus futuros colegas.”
(TARDIF, 2012, p.240).
5 – Outro ponto a ser considerado é o fato de o
programa contribuir para a profissionalização do ensino. Aliando teoria e prática,
formam-se profissionais cada vez mais capacitados para o desempenho de suas
funções.
“O
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, ação política
que visa dar melhores condições para a construção plural de saberes da
docência, tem contribuído de modo significativo para essa profissionalização...”.
(Silveira,
2013, on line).
6 – O PIBID ainda auxilia a
permanência do licenciando no curso, uma vez que o acadêmico é remunerado pela
sua participação e pode dedicar um tempo maior para sua capacitação.
7 - O programa também ajuda o acadêmico a ter uma visão
menos fragmentada dos conteúdos, pois incentiva o licenciando a buscar
alternativas integradas de ensino, que favoreçam o entendimento das disciplinas
por parte dos alunos.
“Em
suma, pretende-se que a participação da Matemática neste projeto contribua para
romper a distinção entre conhecimentos pedagógicos e conhecimentos específicos,
e o mesmo entre teoria e prática. Tendo em vista que a disciplina será
apresentada de forma diferenciada daquela meramente formalizada e técnica,
proporcionando assim, uma aprendizagem multidisciplinar e significativa para os
discentes”. (Loureiro e Oliveira, on line).
Seria possível elencar
outras contribuições encontradas na a participação no programa, mas acredita-se
que estas sejam suficientes para a sua comprovação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo buscou demonstrar de forma objetiva e clara,
alguns elementos na participação no programa PIBID que ajudariam o licenciando
a construir o seu saber profissional.
Salienta-se que o presente trabalhou procurou
contextualizar o programa no âmbito de sua execução no subprojeto de Matemática
da UENP do Campus de Jacarezinho, tendo em vista que o PIBID é um programa de
extensão federal, que se desenvolve em praticamente todas as áreas de
licenciaturas.
Ressalta-se ainda que os saberes docentes é um tema que
está sendo intensamente debatido, e que nesta pesquisa foi abordado apenas pela
visão de Maurice Tardif. Sendo assim, foram elencadas as contribuições
referentes ao seu ponto de vista.
Resta por fim, constatar que o PIBID, se configura para
os alunos participantes, como uma importante ferramenta de aprendizado capaz de
unificar a teoria e a prática em prol de uma melhor formação profissional.
REFERÊNCIAS
BRASIL.
Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior. Disponível em: <
http://www.capes.gov.br
>. Avesso em 12 abr. 2013.
CAPPELIN, A; SALOMÃO, M. E, BEJARANO, S. R. W. S. RELATO
DE EXPERIÊNCIA DOS BOLSISTAS PIBID MATEMÁTICA DO COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR
AGOSTINHO PEREIRA.
Disponível em: <http://www.pb.utfpr.edu.br>. Acesso
em: 18 abr. 2013.
LOUREIRO, D. Z; OLIVEIRA F. T. PIBID - Uma Interseção
de Conhecimentos Entre a Realidade Escolar e a Universidade. Disponível em:
<http://projetos.unioeste.br>. Acesso em: 18 abr.
2013.
TARDIF.
M. Saberes Docentes e Formação
Profissional. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.